29.Jun.2020
No começo do mês de março, a comunidade do Colégio Sidarta ainda vivia em um mundo comum a todos, com aulas presenciais e muito contato físico. Ao final daquele mês, recebemos um chamado rumo à uma aventura obrigatória em mares nunca antes navegados.
Com as aulas presenciais suspensas por causa da urgência do isolamento social, tínhamos que ser rápidos e traçar alguns caminhos pelos quais trilharíamos. Para muitos, a Educação a Distância (EaD) era uma modalidade de ensino pouco desbravada, assim como as tecnologias digitais eram apenas ferramentas à disposição das disciplinas.
As expectativas de um período letivo que integrava as formas de ensinar e aprender que estávamos acostumados com as tecnologias digitais não poderiam ser mais avassaladoras: alunos sem saber o que podiam esperar, familiares com dúvidas em relação às possibilidades de aprendizagem e professores com dificuldade de usabilidade no manejo de certas ferramentas.
Mesmo diante de um horizonte de incertezas, conseguimos identificar os desafios iniciais deste percurso antes mesmo de nos aventurarmos nas aulas da EaD. Dos desafios mais técnicos, como a falta de equipamentos - solucionado graças a mobilização da escola com a distribuições dos dispositivos disponíveis -, aos mais complexos e pedagógicos, como adequar as metas de aprendizagens propostas no início do ano à EaD, buscamos as soluções juntos.
Mais do que isso, atravessamos o primeiro limiar com muitas oportunidades, identificadas, como: compartilhar as escolhas didáticas, escolher cirurgicamente o que não abriríamos mão em relação aos conteúdos e desenvolver competências e habilidades intelectuais, corporais e socioemocionais.
Ao longo de nossa trajetória, houve muitas provas e dificuldades. Mas, também, tivemos muitas conquistas e encontramos muitos aliados. Entre esses aliados estava aquilo que antes parecia um monstro de sete cabeças e que,a medida que navegávamos, mostrou-se muito útil para a nossa forma de educação: a tecnologia.
Com muita flexibilidade e resiliência, nossa comunidade foi identificando meios de integrar e usar as tecnologias digitais de modo a superar as expectativas negativas, ressignificando a realidade dessa relação.
Enquanto familiares e professores repensavam as muitas possibilidades deste “novo”, reconsiderando o termo ao verificar que, para os alunos, a relação com as tecnologias digitais não era novidade. O que talvez tenha sido um desafio nessa jornada era compreender que a navegação pelos meios digitais não estava, muitas vezes, nas mãos dos adultos.
Isso porque o uso da Internet e das tecnologias pelos alunos foram além do entretenimento e da socialização. Durante este período, a EaD reforçou a contribuição inquestionável da cultura digital e das tecnologias digitais para o aprendizado e de transformação. O que nós chamamos de “novas formas de aprender”, neste contexto, na realidade são formas mais dinâmicas e autônomas, sem perder o contato e o vínculo.
Assim, os alunos foram desvendando as possibilidades de uso das ferramentas dos ambientes virtuais, escolhidos para serem os nossos ambientes de aprendizagem (Hangout Meet e Google Classrroom), e puderam achar novos recursos que os ajudassem a desenvolver as aprendizagens, além de utilizá-los como recursos para participarem das aulas e das vidas de seus colegas, interagindo uns com os outros.
Com as potencialidades e os limites de todos testados, conseguimos enquanto comunidade envolver as crianças e os jovens em atividades cada vez mais desafiadoras, potencializando suas participações como protagonistas.
Para os alunos do Ciclo 1, as aulas on-line e ao vivo eram imprescindíveis. Nada de vídeos gravados! E eles aproveitaram cada oportunidade, sem deixar de usar as telas para fortalecer os vínculos, transformando essa oportunidade de EaD em convívio diário com colegas e professores.
Já os alunos do Ciclo 2, conquistaram o melhor dos dois mundos, com aulas on-line e vivo e atividades remotas, por meio das quais criaram produções incríveis, utilizando aplicativos e outros recursos digitais.
Os alunos do Ciclo 3 tiveram aulas on-line e ao vivo para tirar dúvidas, ampliar conhecimentos e propiciar a discussão graças à aplicação da metodologia da sala de aula invertida, incentivando-os a se encontrarem em grupo durante as aulas remotas e, assim, organizarem a suas rotinas de estudos.
Por meio da interatividade, pudemos olhar para a nossa comunidade escolar conectada e identificar oportunidades únicas.
Durante nossa Jornada EaD, foi possível acompanhar as mediações entre professor-aluno e aluno-aluno via Hangout, construir uma base por mensagens instantâneas de troca – o que aproximou ainda mais a nossa comunidade, reforçando a parceria entre família e escola -, e elaborar um Webcurrículo a partir do trabalho intencional com diferentes habilidades relacionadas às culturas e tecnologias digitais.
O objetivo de identificar essas oportunidades foi trabalhar para comprovar que a tecnologia pode contribuir para a construção do conhecimento contanto, inclusive, com as possibilidades de atuação cidadã no ambiente virtual.
Com a EaD, conseguimos verificar como os alunos se relacionaram a segurança e a privacidade de dados, além de trabalhar coletivamente e de respeitar as rotinas e os prazos. Foi a primeira vez que eles puderam exercer a cidadania por meio do digital de forma sistematizada e intencional.
Durante esse percurso, também contamos com a mediação de familiares - em alguns casos de forma mais direta, contribuindo para que garantíssemos os direitos de aprendizagens, sobretudo na alfabetização, e, em outros, de modo mais indireto.
Muitas famílias tiveram que encontrar seus próprios caminhos para orientar crianças e jovens com a EaD e, muitas vezes, esse caminho foi estabelecer um espaço adequado para a rotina ser mantida e mais nada, deixando-os conduzir seus estudos com maior autonomia.
Agora, ao final do mês de junho, seguimos na jornada heroica, mas já temos uma grande recompensa: estamos mais próximos do que nunca!
#vamosvamosvamos