por Maria Aparecida Scheiler*
No dia 28 de agosto, Dia Nacional do Voluntariado, quero compartilhar uma reflexão sobre o termo que utilizamos para definir as atividades desenvolvidas com nossos alunos: “voluntariado”. Será que, de fato, ele retrata o que temos feito aqui no Sidarta? No dicionário, a definição é: “trata-se de um adjetivo atribuído àquilo que não é forçado, é oriundo da vontade, espontâneo”.
Sabemos, no início do ano, que não é bem assim que as coisas acontecem em todas as nossas turmas. Especialmente o 9º ano, que terá sua primeira experiência de imersão nesse tipo de trabalho com uma viagem de volunturismo (mistura de turismo e trabalho voluntário). As equipes de professores, coordenadores e direção, motivadas a fazer com que os alunos pratiquem o serviço à sociedade – nosso terceiro princípio – faz o possível para promover o engajamento.
Contudo, como diz o dicionário, voluntário é algo que se faz por desejo e não por obrigação. Diante desse dilema, surge a seguinte questão: se é necessário que nossa comunidade sinta vontade de fazer algo pelo outro e pelo mundo, como despertá-la?
Recentemente, ouvi um palestrante dizer que estudos provam que a área do cérebro estimulada ao recebemos um presente é a mesma de quando damos um presente. Ou seja, o ser humano parece programado para fazer o bem, embora existam tantas notícias tristes e o cenário de humanidade, em alguns momentos, pareça-nos tão desolador. É nisso que acredito, na evolução do homem e na predisposição de cada um de nós em realizar esse bem.
Essa certeza tem inspirado nossa ação com os alunos. Nos momentos em que estamos juntos, trazemos para eles exemplos de iniciativas bacanas, histórias de pessoas incríveis que fazem a diferença no mundo e que isso é possível de ser realizado por todos nós. Acredito que a humanidade seja capaz de se reinventar de maneira mais positiva, com soluções para os inúmeros problemas ambientais e sociais desde que haja conscientização e mobilização.
A partir do empoderamento, o trabalho flui. Todos sabem que são agentes de mudança. Esse espírito permeou o ano de 2017, com uma uma captação incrível de recursos pelo grupo de pais, a família Sidarta, durante a nossa bela Festa Junina. Esses recursos foram destinados à viagem a Vila de Regência Augusta, no Espírito Santo, para custear a ida dos alunos bolsistas e também comprar material e outros itens necessários a ações que desenvolvemos por lá.
Construímos dois quiosques para as crianças da Vila, reformamos o parque infantil e construímos mais um espaço lúdico em outra escola. Tudo feito com tanta união e empenho que emocionou a todos. A maior alegria não é apenas o resultado, mas saber que o desejo de realização do grupo era genuíno. Ninguém parava enquanto o trabalho do dia não estivesse concluído.
Outras ações tão importantes quanto a viagem a Regência aconteceram ao longo do ano: encontros beneficentes, participação das famílias e dos alunos em eventos da escola… tudo com muito trabalho voluntário. Fico muito feliz em cada momento onde precisamos de braços e ao primeiro chamado temos uma lista de nomes – de alunos, pais e funcionários – interessados e dispostos a colaborar genuinamente para o bem comum.
Já atingimos um resultado muito bacana, mas queremos mais! Este ano, os alunos vão a uma comunidade ribeirinha da Vila Cuiabá-Mirim, em Cuiabá (MT), para realizar algumas atividades: construção de um parque infantil, montagem de uma biblioteca na escola local, realização de atividades de leitura, oficina de sensibilização para uso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e triagem e atendimento médico para população local. E assim continuamos nessas empreitadas do bem! Viva o Dia Nacional do Voluntariado.
*Maria Aparecida Scheiler, diretora administrativa do Sidarta