por Michael Filardi (Ciências da Natureza), Alan Lopes (Ciências Humanas), Laura Leonardo (Português), Maitê Fracassi (Matemática), Rafael Ummus (consultor em Biodiversidade e Sustentabilidade), Marcia Leane (mentora do 6º ano) e Danniel Teller (mentor do 5º ano)
Responsabilidade e cuidado com a natureza são atitudes essenciais para fomentar a cultura de diversidade e serviço ao coletivo a partir de experiências concretas. No Sidarta, sempre estimulamos que os alunos reflitam sobre a solução de problemas socioambientais de suas realidades. Foi assim que nasceu o Projeto Integrador, desenvolvido com os alunos do 5º e 6º anos, colocando-os em contato com o entorno escolar. A princípio, propomos a eles conhecer mais profundamente a realidade do ambiente que os rodeia, compreendendo que múltiplos fatores se relacionam com a construção de um conceito sólido de sustentabilidade.Empreendemos um esforço coletivo para disparar a reativação ecológica de uma área de cerca de 1500 metros quadrados, que fica dentro da escola, próxima às quadras poliesportivas. A área abrigou os primeiros prédios, mas, quando as novas instalações ficaram prontas, ela foi desativada e as edificações, demolidas. Hoje, o espaço está sendo devolvido à natureza e conta com as ações do Projeto Integrador.
Depois, detectamos as principais demandas relacionadas ao clima, aos alimentos, à água, à energia e aos resíduos. Pedimos que eles desenvolvessem planos de ação específicos e estações de trabalho para monitoramento, manutenção e propostas de solução para os espaços e seus respectivos problemas, focando na recuperação da mata ciliar do Rio Cotia, que margeia o Sidarta, na alimentação escolar e na gestão de resíduos orgânicos (mantendo a horta agroecológica), no reaproveitamento de água e na geração de energia limpa (construindo cisternas) e no cuidado do galinheiro.
Protagonismo dos alunos
Mais que refletir a respeito da nossa atuação de corresponsabilidade com o meio ambiente, já que somos parte fundamental da natureza, considerávamos importante vivenciar os desafios complexos que permeiam a busca pela sustentabilidade institucional (local e regional). Nos primeiros dois meses de trabalho do segundo semestre, os alunos mapearam e pesquisaram a fauna, a flora e o solo do local a ser reativado, cadastraram as pequenas árvores que estão crescendo, plantaram cerca de 20 novas árvores, bolaram roteiros de visitação e sinalização, realizaram uma oficina de segurança no trabalho e fizeram uma visita à floresta do Morro Grande para colher aprendizados e inspiração.
Os professores mediam essas ações, tanto no apoio técnico quanto no conceitual das atividades. Pais, coordenadores e direção apoiam o projeto por meio de incentivo, colaboração intelectual (pais engenheiros, por exemplo) e manual nas tarefas maiores. Funcionários de todos os setores garantem a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do projeto e tanto a comunidade do entorno como os parceiros externos auxiliam, seja por meio de capital humano, seja pela doação de mudas e auxílio logístico.
Nosso primeiro seminário de resultados aconteceu no final de setembro de 2018. Teremos mais um ainda este ano. Todos os dados gerados comporão o acervo digital da recuperação da área. Para conhecer mais sobre o trabalho ou colocar a mão na massa conosco, visite a nossa sala na Feira do Conhecimento 2018. A produção estará exposta e teremos algumas visitas guiadas à área ao longo do dia. Para conversar mais, nosso ponto focal atual é o professor Michael Filardi, coordenador de Ciências da Natureza.
Transformação da realidade
Dezenas de mudas nativas para avifauna foram plantadas na recomposição da mata ciliar do Rio Cotia, milhares de litros de água serão economizados com a água da chuva armazenada, além de 53 pares de olhos de crianças de 10 e 11 anos brilhando de orgulho pelo dever cumprido e senso de pertencimento, por poderem fazer a diferença não só na escola que estudam como em seu entorno.
Podemos pontuar também a melhoria da saúde global da comunidade em longo prazo devido ao consumo de alimentos orgânicos da horta e do uso de composto como adubo no jardim. Isso prova que alunos não só aprendem na teoria, mas podem viver as dificuldades e soluções da gestão ambiental de um espaço.
A ideia é que ano que vem o Projeto Integrador (hoje implantado nos 5º e 6º anos) seja ampliado, contemplando as turmas de 4º a 7º. O intuito é que, cada vez mais, os alunos trabalharem de forma interdisciplinar, multisseriada e baseados em problemas/projetos reais, para serem resolvidos por meio de colaboração, design thinking, prototipagem e método científico, com valorização da tentativa e do erro.
Ações da escola alinhadas à sustentabilidade
Identificamos que o trabalho abrangeu praticamente todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, por isso, o inscrevemos no Prêmio Desafio 2030 – Escolas Transformando o nosso Mundo. Ganhamos uma certificação externa que comprova que estamos no caminho. Olha só que já fizemos:
- Manutenção da horta orgânica, germinação de sementes, plantio de mudas, gestão do processo de compostagem, colheita e preparo de alimentos (ODS 2, 3, 11, 12 e 15);
- Participação ativa dos alunos na solução de problemas ambientais, trabalhando em grupos multisseriados e mistos, estimulando a autonomia e a melhora na autoestima ao se depararem com problemas que dependem de soluções reais e eficientes (ODS 4 e 5);
- Análise mensal da qualidade da água do Rio Cotia, gerando dados que abastecem um banco de dados – gerenciado pela SOS Mata Atlântica -, que indicam ações de melhoria no rio, como mutirões de retirada de resíduos e recomposição da mata ciliar com espécies nativas, em parceria com Unesco, ONGs locais e Secretaria do Verde e Meio Ambiente de Cotia. E da construção de cisternas (ODS 6, 13, 14, 15, 16 e 17);
- Criação de um sistema de geração de energia elétrica para os banheiros a partir de placas fotovoltaicas recicladas (ODS 7 – previsto para 2019).
Além de tudo isso, os alunos das séries iniciais (2º ao 4º ano do Ensino Fundamental) desenvolveram seus projetos de Iniciação Científica balizados pelas ODS, e também participaram de diversos momentos e atividades pedagógicas na horta.