08.Abr.2016
Já parou para pensar que os alunos que hoje estão na escola irão ingressar em cursos universitários que ainda nem existem? Esse pensamento exige certa abstração. E uma reflexão ainda maior: de que maneira estamos preparando esses meninos e meninas? Hoje, a tendência é que as escolas busquem propostas de atividades que tornem os alunos mais autônomos, criativos e preparados para o “futuro”.
Diante desse cenário, pesquisadores como Vygotsky, Piaget e Paulo Freire defendiam a fundamental importância do aluno protagonista na produção de seu próprio conhecimento, experimentando com a “mão na massa” e de forma colaborativa com seus pares e professores mediadores. Mas quanto será que desse discurso pedagógico tão propagado, difundido e já quase banalizado é realmente colocado em prática?
Makers, os fazedores de coisas
De acordo com Dale Dougherty, criador do termo “maker” e fundador desse movimento mundial iniciado nos Estados Unidos em 2005, “sempre existiram pessoas que criam coisas por diferentes razões” – os makers. Para ele, é difícil quantificar essa parcela da população, pois cada um enxerga e valoriza essa atividade de forma distinta. Sendo assim, um mecânico é maker, um pedreiro é maker, um chef de cozinha é maker, um agricultor é maker...
Mas parece que, nos últimos anos, uma parte da sociedade se afastou dessas questões – por diferentes motivos. Somos de uma atual cultura pautada pelo consumo, imediatismo, fast food, que pouco reflete sobre a origem das coisas, como elas funcionam e para que elas servem.
Makerspace, um espaço para realizar
Acreditamos que é papel da escola manter viva nos alunos a prática, a descoberta, a inquietação, a curiosidade e o encantamento pelo processo de produção. Inseridos nesse contexto e inspirados pelo nosso princípio de que teorias não substituem experiências de vida, concebemos o Galpão no Instituto Sidarta.
Ele é um makerspace em construção, um local que promove exploração, liberdade de criação, provocação, possibilidade, curiosidade genuína, a criação e o desenvolvimento de projetos autorais dos alunos e que podem eventualmente se desdobrar em pesquisas mais aprofundadas e direcionadas, com o auxílio de professores orientadores, por meio da metodologia científica.
Como isso acontece na prática?
Além de aulas de Iniciação Científica, que fazem parte da grade curricular do Colégio Sidarta, a Escola de Aplicação do Instituto Sidarta, e são realizadas no Galpão, os alunos do Ensino Fundamental, são estimulados por meio de desafios experimentais - oficinas semanais com atividades direcionadas para atingir objetivos e solucionar problemas simples.
Estas atividades promovem um ambiente atraente e servem como oportunidade para a aplicação de conceitos básicos de construção, medição, lógica, gerenciamento de projeto e desenho. A expectativa é, aos poucos, migrar as atividades propostas por professores para sugestões vindas dos próprios alunos e, assim, ampliar o repertório de ações realizadas. Os trabalhos são feitos com alunos do Sidarta, de idades entre 8 e 16 anos e, em um futuro próximo, também irão receber meninos e meninas das comunidades do entorno da instituição.
Nesse galpão, o trabalho entre educadores, pais, estudantes e comunidade está integrado, e busca promover o conhecimento em favor do desenvolvimento de nossa sociedade, ajudando a formar jovens criativos, críticos e capazes de, não só detectar demandas sociais como também de apresentar hipóteses que possam ser testadas e aplicadas na resolução de situações problema.
Por Michael Filardi, Coordenador do Núcleo de Ciências da Natureza
A Jornada EAD do Colégio Sidarta
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